Um pouco sobre mim...

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Divinópolis, MG, Brazil
"Pouco me importa o julgamentos dos outros, os seres são tão diversos e tão contraditórios que é impossível agradar e satisfazer a todos. Tenho em mente, simplesmente, ser autêntica, verdadeira, ser eu mesma."

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Prezada Mulherzinha,


Se existe alguém que pode falar o que vou falar para você, sou eu. Então, por favor, tenha a humildade de admitir que sei o que estou falando. Pois o que eu te direi é duro, mas poderá te fazer um bem enorme.
Chega. Chega de se comportar assim. Como se estivesse lutando pelo posto de rainha da bateria. De Miss Maravilha do Mundo. Basta de ataques, dessa competitividade suburbana eu sou a melhor, eu sou a mais alta, eu sou a mais gostosa do pedaço. Ninguém tá ligando a mínima se você corre 10 quilômetros ou se aplicou Botox nessa sua testa sem expressão. Ou se você é assim porque ainda não passa de uma menininha que quer ser mais perfeita do que a mãe, conquistar o amor do pai e ser a primeira da classe. Esse teu afã psicopata de vencer todas as paradas só te deixa ridícula. E me faz querer usar um termo que odeio: coisa de mulherzinha. Mulherzinha é que tem essa mania de estar sempre desconfiada das amigas, porque todas teriam inveja do seu corpão e do seu cabelão estilo falso-loiro-natural-cinco-tons. Lamento informar, querida, que ninguém sente inveja de você. Por isso, chega de dizer por aí que, para não atrair olho grande, é bom ficar de bico fechado sobre a tal possível promoção que você terá no trabalho. Relaxa, ninguém está a fim de ser você. Tente, portanto, ser você com mais leveza. E lembre-se: esse negócio de dizer que não se pode confiar em mulheres só comprova que você é uma pessoa maliciosa. Sendo que isso está longe de ser porque você é fêmea.
Quando vejo você tagarelando sobre seus feitos sexuais, sinto-me num filme ruim sobre ginasianas americanas. Todas fanhas e excitadas. Chega, tá? De azucrinar os outros com essa sua boca-genital lambuzada de gloss, cuspindo baixos-clichês, simulando uma modernidade que você não tem. Nunca mais caia no ridículo de fazer "sexo casual" com nenhum tipo de homem, mais velho ou mais novo, casado ou solteiro, porque todo mundo já sabe que você finge tudo. Que goza, que não se sente fácil, que não liga quando os caras não telefonam no dia seguinte. Seja honesta uma vez na vida: confesse. Que você não é nada tão wild quanto se vende. Que não sabe falar tão bem inglês assim. Que fez escova progressiva. Que tem dermatite. E enfim você terá alguma paz, pois se reconhece humana, e não a barbie boba que você procura ser. Acredite: idiotice só te faz charmosa para os cafajestes. Se continuar assim, nunca vai aparecer aquele cara bacana que você gostaria que aparecesse; para lutar por você, até te conquistar, e destruir essa tua linda silhueta com uma gestação de 15 quilos.
É triste, amiga Mulherzinha, mas você terá que abrir mão da máscara de rímel que cobre a sua verdade. 
(Fernanda Young)

Importa ter a alma leve


Um dia desses, entrei numa lanchonete perto da esquina, pedi um café, e vi que o guarda estava olhando o carro estacionado com um pouco da frente na faixa de pedestre. Tirou o bloco de multas e ia escrever quando eu saí e falei com ele:
- Bom dia seu guarda!...

Ele não respondeu, e eu argumentei que a roda do carro estava fora da faixa. Ele não me olhou, mas prestou mais atenção ao carro, e nesse momento foi que também vi que os pneus não estavam bem em condições de uso. Então eu disse:
- Desculpe seu guarda, mas hoje mesmo foi que percebi que esses pneus estão no momento de serem trocados...

Só então ele me olhou já com o bloco de notas baixado. Percebi que ele fraquejava na sua resolução de lavrar a multa. Nesse momento, uma velhinha estava parada perto da faixa, e percebemos (eu e ele) que ela estava com dificuldade de atravessar. Então me adiantei ao guarda, e ajudei a senhora. Quando voltei, o homem tinha guardado o bloco de notas. Então eu sorri pra ele e disse:  - Você é muito legal!...
 - Você merece!.. - ele respondeu saindo.

Fiquei encostado ao carro esperando que o guarda se afastasse, pra não descobrir que eu não era o dono dele. Quando o homem ia dobrando a esquina uma senhora ainda muito jovem vinha chegando com uma sacola numa das mãos e uma criancinha de colo na outra.
- Dá licença, moço - ela disse.

Eu me afastei, e ela abriu a porta do lado da calçada, e colocou a sacola no banco. Então eu resolvi falar:

- Olha moça, estacione mais longe da esquina, senão pode levar uma multa qualquer hora dessas...

- Ah, sim... é que meu filho está doente, e tinha hora marcada com o médico, e não pude encontrar outro lugar melhor...

Eu sorri pra ela, e balancei a cabeça aprovando.

Entrou no carro e saiu. Então voltei pra lanchonete pra tomar meu café. Já estava frio, e tive que pedir outro. Paguei satisfeito os dois, porque tinha a minha alma leve... O importante da vida é ter a alma leve...

(Adelmario Sampaio)


terça-feira, 17 de novembro de 2009

Estrelas mudam de lugar...




















Vou cavalgar por toda a noite
Por uma estrada colorida
Usar meus beijos como açoite
E a minha mão mais atrevida...
Vou me agarrar a seus cabelos
Prá não cair do seu galope
Vou atender aos meus apelos
Antes que o dia nos sufoque...
Vou me perder na madrugada
Prá te encontrar no meu abraço
Depois de toda cavalgada
Vou me deitar no seu cansaço...
Sem me importar se nesse instante
Sou dominado ou se domino
Vou me sentir como um gigante
Ou nada mais do que um menino...
Estrelas mudam de lugar
Chegam mais perto só prá ver
E ainda brilham na manhã
Depois do nosso adormecer

E na grandeza desse instante
O amor cavalga sem saber
Que na beleza dessa hora
O sol espera prá nascer...

Cavalgada (Erasmo e Roberto)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Uma criança com seu olhar

Aqui estou na difícil missão de levar a você
Uma mensagem que possa ser
Como uma luz ou um mantra, nós não somos mais crianças
Um dia acontece, a gente tem que crescer

Temos que encarar a responsa
Eu não deixei de achar graça nas coisas
Simplesmente hoje eu quero ser levado a sério
As coisas mudam sempre mas a vida não é só como eu espero

Existe um dom natural que todos temos
Nossas escolhas vão dizer pra onde iremos
Mas se for pra falar de algo bom
Eu sempre vou lembrar de você

Difícil não lembrar do que nunca se esqueceu
Fácil perceber que seu amor é meu
Difícil não lembrar do que nunca se esqueceu
Fácil perceber que meu amor é seu

Eu quero estar amanhã ao seu lado quando você acordar
Eu quero estar amanhã sossegado e continuar a te amar
Eu quero um sonho realizado, uma criança com seu olhar

Eu quero estar sempre ao seu lado, você me traz paz

Armadilhas do tempo são como o vento
Levando as folhas para lugares distantes,
O meu pensamento é o mesmo que o seu
Mas hoje meu coração bate mais forte que antes

Certa vez na história,
Eu vim de muito longe só pra ver você,
Fui pra muito longe pra encontrar você,
Eu te entreguei minha alma.

(Charlie Brown Jr)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Pensa em mim


Inspiração dos meus sonhos não quero acordar
Quero ficar só contigo não vou poder voar
Por que parar pra refletir se meu reflexo é você?
Aprendendo uma só vida, compartilhando prazer
Por que parece que na hora eu não vou aguentar?
Se eu sempre tive força e nunca parei de lutar?
Como num filme, no final tudo vai dar certo
Quem foi que disse que pra tá junto precisa tá perto
Pensa em mim
Que eu tô pensando em você
E me diz...
O que eu quero te dizer
Vem pra cá,
Pra ver que juntos estamos
E te falar
Mais uma vez que te amo
O tempo que passamos juntos vai ficar pra sempre
Intimidades, brincadeiras, só a gente entende
Pra quem fala que namorar é perder tempo eu digo:
Há muito tempo eu não crescia o que eu cresci contigo
Juntos no balanço da rede, sob o céu estrelado
Sempre acontece, o tempo pára quando eu tô do seu lado
A noite chega eu fecho os olhos e é você que eu vejo
Como eu queria estar contigo eu paro e faço um desejo
Pensa em mim
Que eu tô pensando em você
E me diz
O que eu quero te dizer
Vem pra cá,
Pra ver que juntos estamos
E te falar
Mais uma vez que te amo...

( Bernardo Faria / Conrado D'Ávila )

sábado, 7 de novembro de 2009

Afinidade


A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos.
O mais independente. Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto, no exato ponto em que foi interrompido.
Afinidade é não haver tempo mediando a vida. É uma vitória do adivinhado sobre o real. Do subjetivo sobre o objetivo. Do permanente sobre o passageiro. Do básico sobre o superficial. Ter afinidade é muito raro.
Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar. Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas. O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.
Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavra. É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.
Afinidade é sentir com. Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo. Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado? Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios? Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo. É olhar e perceber. É mais calar do que falar. Ou quando é falar, jamais explicar, apenas afirmar.
Afinidade é jamais sentir por. Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo. Mas quem sente com, avalia sem se contaminar. Compreende sem ocupar o lugar do outro. Aceita para poder questionar. Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.
Só entra em relação rica e saudável com o outro, quem aceita para poder questionar.
Não sei se sou claro: quem aceita para poder questionar, não nega ao outro a possibilidade de ser o que é, como é, da maneira que é. E, aceitando-o, aí sim, pode questionar, até duramente, se for o caso.
Isso é afinidade. Mas o habitual é vermos alguém questionar porque não aceita o outro como ele é.
Por isso, aliás, questiona. Questionamento de afins, eis a (in)fluência. Questionamento de não afins, eis a guerra.
A afinidade não precisa do amor. Pode existir com ou sem ele. Independente dele. A quilômetros de distância. Na maneira de falar, de escrever, de andar, de respirar.
Há afinidade por pessoas a quem apenas vemos passar, por vizinhos com quem nunca falamos e de quem nada sabemos. Há afinidade com pessoas de outros continentes a quem nunca vemos, veremos ou falaremos.
Quem pode afirmar que, durante o sono, fluidos nossos não saem para buscar sintomas com pessoas distantes,com amigos a quem não vemos, com amores latentes, com irmãos do não vivido?
A afinidade é singular, discreta e independente, porque não precisa do tempo para existir.
Vinte anos sem ver aquela pessoa com quem se estabeleceu o vínculo da afinidade!
No dia em que a vir de novo, você vai prosseguir a relação exatamente do ponto em que parou.
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças, é conversar no silêncio, tanto das possibilidades exercidas, quanto das impossibilidades vividas.
Afinidade é retomar a relação do ponto em que parou, sem lamentar o tempo da separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas a oportunidade dada (tirada) pela vida, para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais, a expressão do outro sob a forma ampliada e refletida do eu individual aprimorado. 

(Arthur da Távola) 

Canção do dia de sempre



Tão bom viver dia a dia... A vida assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos Como estas nuvens no céu...
E só ganhar, toda a vida, Inexperiência... esperança...
E a rosa louca dos ventos Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio: Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua, Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança Das outras vezes perdidas, Atiro a rosa do sonho Nas tuas mãos distraídas...
(Mário Quintana)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Mesmo que ninguém entenda...


E o que é que ela vê nele? Nossos amigos se interrogam sobre nossas escolhas, e nós fazemos o mesmo em relação às escolhas deles. O que é, caramba, que aquele Fulano tem de especial? E qual será o encanto secreto da Beltrana? Vou contar o que ela vê nele: ela vê tudo o que não conseguiu ver no próprio pai, ela vê uma franqueza rara e isso é mais importante do que o Porsche que ele não tem, ela vê que ele se encanta com pequenos gestos e se revolta com injustiças, ela vê uma pinta no ombro esquerdo que estranhamente ninguém repara, ela vê que ele faz tudo para que ela fique contente, ela vê que os olhos dele franzem na hora de ler um livro e mesmo assim o teimoso não procura um oftalmologista, ela vê que ele erra, mas quando acerta, acerta em cheio, que ele parece um lorde dançando, mas é desajeitado na hora de falar, ela vê que ele não dá a mínima para comportamentos padrões, ela vê que ele é um sonhador incorrigível, ela o vê chorando, ela o vê nu, ela o vê no que ele tem de invisível para todos os outros. 
Agora vou contar o que ele vê nela: ele vê, sim, que o corpo dela não é nem de longe parecido com o da Daniella Cicarelli, mas vê que ela tem uma coxa roliça e uma boca que sorri mais para um lado do que para o outro, e vê que ela, do jeito que é, preenche todas as suas carências do passado, e vê que ela precisa dele e isso o faz sentir importante, e vê que ela até hoje não aprendeu a fazer um rabo-de-cavalo decente, mas faz um cafuné que deveria ser patenteado, e vê que ela boceja só de pensar na palavra bocejo e que faz parecer que é sempre primavera, de tanto que gosta de flores em casa, e ele vê que ela é tão insegura quanto ele e é humana como todos, vê que ela é livre e poderia estar com qualquer outra pessoa, mas é ao seu lado que está, e vê que ela se preocupa quando ele chega tarde e não se preocupa se ele não diz que a ama de 10 em 10 minutos, e por isso ele a ama mesmo que ninguém entenda... (Martha Medeiros)

domingo, 1 de novembro de 2009

Depois De Nós

Hoje os ventos do destino
Começaram a soprar
Nosso tempo de menino
Foi ficando para trás
Com a força de um moinho
Que trabalha devagar
Vai buscar o teu caminho
Nunca olha para trás
Hoje o tempo voa nas asas de um avião
Sobrevoa os campos da destruição
É um mensageiro das almas dos que virão ao mundo
Depois de nós
Hoje o céu está pesado
Vem chegando temporal
Nuvens negras do passado
Delirante flor do mal
Cometemos o pecado
De não saber perdoar
Sempre olhando para o mesmo lado
Feito estátuas de sal
Hoje o tempo escorre dos dedos da nossa mão
Ele não devolve o tempo perdido em vão
É um mensageiro das almas dos que virão ao mundo
Depois de nós
Meninos na beira da estrada escrevem mensagens com lápis de luz
Serão mensageiros divinos, com suas espadas douradas, azuis
Na terra, no alto dos montes, florestas do Norte, cidades do Sul
Meninos avistam ao longe
A estrela do menino Jesus

Engenheiros do Hawai

Composição: Carlos Maltz